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Luz e comportamento: como a iluminação dos ambientes influencia nosso dia a dia?

Luz e comportamento: como a iluminação dos ambientes influencia nosso dia a dia?

Flávia Andrade, da Dessine, fala sobre os impactos da iluminação na vida das pessoas

Ela é tão presente em nossas vidas que, por vezes, nem a percebemos. Sua ausência, no entanto, é notada instantaneamente e pode inviabilizar muitas de nossas ações cotidianas. Assim é a luz, tão essencial, tão vital.

Quando a serviço da iluminação profissional, baseada na ciência da luminotécnica, a luz destaca a arquitetura, o design e a arte, cria ambiências, direciona o olhar, sinaliza e permite a execução de tarefas. Paralelamente, também nos impacta de outras formas mais sutis. 

“A luz transforma a experiência das pessoas nos ambientes e influencia o nosso comportamento de forma inconsciente”, afirma Flávia Andrade, sócia e diretora da Dessine, empresa de projetos de iluminação de alto padrão em Brasília. “Muitas pessoas não têm consciência do poder da iluminação no ambiente”. 

m exemplos, Flávia explica que cada tipo de iluminação desencadeia diferentes fatores comportamentais nas pessoas. “No ambiente de trabalho, onde a gente precisa de rendimento, a iluminação ideal é aquela em que temos uma luz abrangente, com um fluxo de luz maior e com temperatura de cor mais alta, ou seja, uma luz mais branca”. Essa luz, de acordo com a especialista, estimula a produtividade, o alto desempenho e a competitividade.

Esse mesmo tipo de iluminação já não é adequado para a sala da nossa casa, por exemplo. Há estudos que mostram que pode desencadear impaciência, irritabilidade. E na nossa casa, na maior parte dela, nós precisamos de aconchego. É onde temos os nossos relacionamentos. Na casa a gente quer uma luz que crie uma atmosfera que valorize a arquitetura, a decoração, elementos da história pessoal, uma obra de arte, uma escultura”, explica a diretora da Dessine, ressaltando que sempre busca trabalhar com ‘camadas de luz’ integradas nos ambientes, que incluem luzes de destaque, luzes periféricas e luzes indiretas.

Flávia se recorda de um projeto “desafiador”, de um casal de clientes em que a mulher gostava de tudo muito iluminado e queria muita luz branca na residência, e o marido, ao contrário, tinha "horror à luz de trabalho” e não queria chegar em casa e continuar com a sensação de estar no escritório. “Conversando e explicando sobre as funções de cada tipo de luz e temperatura, felizmente chegamos a um resultado que foi entendido e agradou a ambos”, relata.

“É claro que, em casa, nós também temos ambientes que precisam de mais luz, com uma eficiência maior, onde você tem tarefas as serem cumpridas, como a cozinha, o closet, um atelier, o banheiro funcional. Só que no banheiro funcional, do dia a dia, onde você tem que ter a luz funcional para fazer a maquiagem ou a barba, acho que também é importante ter aquela meia-luz para um ambiente relaxante, mais à noite. Especialmente na atualidade, quando muitas pessoas têm problemas para dormir e é preciso reduzir ao máximo os estímulos, entre eles, a luz”, afirma. “No nosso quarto, também. Ele pode ter luz geral, claro. Mas por que não uma luz romântica também?”, sugere.

Espaços comerciais

Flávia Andrade observa que a área comercial (lojas, restaurantes) é outra área em que as pessoas não costumam perceber conscientemente a iluminação e a influência dela. “Quando você vai a um restaurante e ele está bem iluminado, a qualidade da luz está perfeita, ninguém repara ‘exatamente’ na luz, mas em como o 'ambiente está agradável’. A pessoa permanece ali, mas ninguém percebe o porquê. Existem inclusive estudos que mostram que luzes suaves, mais baixas, induzem a estímulos mais prazerosos. Então a pessoa fica mais propensa a comer uma sobremesa, tomar um sorvete, beber um vinho. A luz cria uma atmosfera que induz ao prazer”, afirma. “Por outro lado, em um fast-food, a luz tem que ser branca, para alta rotatividade. As pessoas comem e saem rápido”.

Trabalho conjunto

Flávia, que trabalha colaborando arquitetos há cerca de três décadas, diz ser comum que profissionais cheguem à Dessine apenas com uma “pontuação de luz”, ou seja, com um projeto contendo os vários pontos de luz, porém sem constar detalhes como fluxo luminoso das luminárias, ângulos e outros dados relevantes que vão impactar a experiência dos usuários dos ambientes.

“Nesse sentido, eu sempre proponho fazer um trabalho conjunto, no qual a premissa é respeitar o conceito do arquiteto, e alinhar o que for possível. Às vezes, proponho tirar excessos. Geralmente as pessoas pontuam para mais, porque ninguém quer um ambiente escuro. Só que quantidade de luz não quer dizer qualidade de luz”, explica a especialista.

“Na prática, considerando que a tecnologia vem avançando muito e é tudo muito especializado, acontecem duas situações: ou o arquiteto trabalha na área de iluminação, e ele mesmo resolve, ou ele coloca um especialista para cuidar do projeto luminotécnico, que somos nós. Muitos profissionais não fazem o projeto e passam direto para nós, e a gente alinha. É muito melhor, porque assim a gente faz um projeto muito mais assertivo. É um trabalho de parceria e também de zelo com o arquiteto e com suas ideias. Tudo, claro, com um objetivo comum: entregar a iluminação perfeita para o cliente”, conclui.

(Foto da Capa: Residência de autoria do escritório Angela Castilho Arquitetura e Interiores, com iluminação Dessine)